terça-feira, 1 de março de 2011

Falta de pudor

Eu sou totalmente contra a interrupção voluntária da gravidez.

Nunca o disse aqui, nem tinha que o fazer. Nunca senti necessidade de defender pontos de vista sobre temas tão "sensíveis"  em praça pública, ou seja, no blogue. Simplesmente não sinto que tenha de me defender aqui daquilo em que acredito, tal como decidi nunca criticar quem defendeu e apoiou a IVG.

Abro hoje uma excepção. Porque simplesmente não consigo entender como é possível que mulheres que realizam uma IVG, tenham depois direito a um subsidio de maternidade. De maternidade. Não me interessa que seja uma questão linguistica. É o que está na lei. Um subsidio de maternidade.

Porque já não se trata de uma questão de direito da mulher, de vida ou morte, ou de escolhas individuais. Trata-se de uma enorme falta de pudor. Resultado, receio, de um cada vez maior desprezo pelas coisas essenciais.

E em relação a isso, desculpem, mas não me calo.

4 comentários:

  1. Mas qual era a tua alternativa? Ng concorda com a coisa mas o contrário: clinicas ilegais e julgamentos?

    Mto pc gente que apoia a lei como está realmente acha uma banalidade existirem abortos.

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  2. não sei ao que te referes com a coisa, mas tal como disse isto não tem nada a ver com a questão do aborto.

    tem a ver com a falta de cuidado que houve na elaboração desta lei e que dá origem a pérolas como esta.

    em relação ao que dizes no final, desculpa mas isso de haver pouca gente é uma desculpa de consciência que as pessoas que apoiam decidem usar para defenderem o aborto. é uma afirmação que simplesmente não podes fazer desculpa.

    e se não fosse uma banalidade, não tinha havido o aumento brutal das IVGs que se realizaram no ultimo ano. e já agora se me vais dizer que de outra forma tinham se feito à mesma de forma ilegal, excusas de o fazer. nunca saberá isso. o que te digo é que os casos que entram na maternidade resultado de abortos clandestinos são exactamente os mesmos que havia antes desta lei.

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  3. Sara o aumento pode ter várias explicações como por exemplo, sei lá, a situação económica das pessoas envolvidas. Nunca se saberá isso. Concordo. Dúvido que se façam estudos reais acerca desta situação. Como tal, não se pode defender que o status legal da "coisa" tenha agravado ou desagravado algo. Não o fizeste, eu sei.

    Em relação a pessoas que apesar de não concordarem com o aborto acham que ninguém deve ser criminalizado por passar por essa situação, não é de todo um argumento inválido como taxativamente fazes crer. É sim uma realidade. De igual forma, não acho que clinicas clandestinas devam florescer e lucrar com esta questão.

    Ouve, percebo a tua indignação perante a questão subsidio. Ok? Apenas acho que este é um assunto em que ninguém pode ser taxativo.

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  4. j_A, respeito a tua opinião, mas infelizmente continuo a não concordar.

    este é um assunto eu que eu sou absolutamente taxativa. a solução dos problemas do aborto ilegal não passa de todo pela liberalização do aborto.é como dizermos que como somos incapazes de resolver um problema, vamos faze-lo desaparecer e torna-lo numa situação controlável. E o problema é que aconteceu o oposto, perdeu-se o controlo.

    em relação à situação económica, duvido que por uma pior situação económica as mulheres decidam abortar, desculpa. e digo te com conhecimento de causa porque trabalho com médicos da maternidade, e são os primeiros a dizer que o escalão social maioritário das raparigas que vão fazer uma IVG é médio-alto, e não me parece que a crise afecte esses escalões.

    nunca saberemos se os abortos ilegais aumentaram ou diminuiram, é verdade, mas sabemos que as IVG aumentaram e imenso, e esse facto tem que ser tido em conta.

    eu respeito as pessoas que não defendem o aborto, apenas são contra a sua penalização, no entanto não entendo essa posição.

    agora, como tão bem disseste a indignação do post era mesmo apenas contra o subsidio e a sua designação. e apenas isso.

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